quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Lembranças de guerra...Africa, Líbano...1975

Era apenas um garoto.
Corria o ano de 1975 e corria eu também pelas ruas da nova cidade.
De dia, a alegria, a bicicleta, o futebol. E também a escola, os amigos. A família, tudo.
Lia muito. Na escola, lia tudo e o tudo era pocuo. Então, à noite, espreitava atrás dos adultos a tv, e lá via a guerra que não existia nos livros. E nem nos jornais.
Censura?
Depois soube o que era isso. E talvez tenha dado um fim justo a tantos jornais censurados com notícias falsas e receitas de falsos bolos quanto aquelas que lia e não entendia. Hoje sei que o bolo era outro... Havia a nossa guerra e os nossos mortos que a tv não via.
Eu via entre uma coisa e outra a guerra, esta sim, ao vivo, em Angola, no Líbano...etc. As minhas guerras da noite... Coisas de criança que lê muito e muito vê. E tudo pergunta e pouco respondem.
Mas, coitados, eles sabem?
E os nossos adultos vão indo embora...
O silêncio vai moldando os jovens e as crianças.

Respostas às vezes demoram: mas, trinta anos?!...

sábado, 24 de novembro de 2007

Telhado de Vidro: O PSDB amarga o seu mensalão

O eixo Brasilia - BH têm razões que não cabem na BR 040 e tampouco nos jatinhos fretados que enfeitam os céus do Brasil Central. Marcos Valério, Mares Guia, Azeredo e cia., lembram-se? pois essa trupe segundo o procurador geral da república inventaram o esquema que no governo Lula faria tanto sucesso.

Caixa dois, verbas de campanha...pouco importa a finalidade, já que tantos veneráveis minimizam o crime justificando que os acusados não se apropriaram do dinheiro, mas destinaram todos os recursos para suas campanhas. E afinal caixa dois segundo o próprio Lula á coisa normal e aceitável. Mas parece que alguma coisa vai mudando no Brasil. Se pouco se espera do Congresso e dos governos em geral, a justiça devagar vai delimitando campos onde a ética e a moralidade não entravam.

Ironia do destino, na mesma semana em que o PSDB inunda a tv de publicidade tendenciosa comparando as práticas petistas e tucanas, vem a avalanche do mensalão tucano de 98, o laboratorio do mal de Valério. Ali se gestou a prática, ainda segundo o procurador, do conluio do público e o privado para desviar e alocar verbas de publicidade e outras para fins excusos. A lama tucana e a lama petista é a mesma. Até os personagens são os mesmos, ou quase.

Azeredo, senador, bem poderia ter a dignidade de renunciar, mas prefere o "nada sabia" lulista e se esconder na desfaçatez de dizer que delegava poderes na campanha. Quer jogar, sem o dizer ,tudo nas costas de Mares Guia, já que a Marcos Valério não cola mais nada. E tem ainda a questão dos R$ 500 mil que deve a Mares Guia e foi perdoado... Lastimável.

Mares Guia, ministro, demite-se e no mesmo dia Lula já empossa o sucessor José Múcio. Ambos foram da tropa de elite fernandista.... Estava portanto tudo acertado havia dias e teria que ser no dia do concresso do PSDB para dividir a lama e calar os insensatos.

Quebra-se o telhado de vidro peessedebista e pouco terá a acrescentar no campo da ética o partido que Covas ajudou a fundar e pelo qual tanto lutou em seus 19 aninhos mal completados outro dia. Assume outro presidente e já tem a dura tarefa de costurar a aliança de caciques de olho em 2010, de definir se é contra ou favor da CPMF, de expurgar ou proteger o cadáver político de Azeredo... enfim, de exercer uma oposição digna e equilibrada e saber vender isso à opinião pública. Por enquanto o que se vê é um bando de órfãos de FHC de um lado, puxa-sacos lulistas de olho na CPMF camuflados de outro... e assim caminha até o cadafalso de 2008,2010.

Quem compra um produto destes, vencido, azedo, mal embalado?...

Cabinda. A Guerra esquecida de Angola

Quando em novembro de 1975 Angola se viu livre do jugo português e ao mesmo tempo via seu povo vítima da guerra fratricida das tres facções que então buscavam hegemonia no novo horizonte - MPLA, de Agostinho Netto, FNLA, do pioneiro Holden Roberto e a Unita de Jonas Savimbi, em batalhas que se estenderam até a década de 90, Cabinda e seu povo pouco teriam a comemorar.

Parte do antigo Reino do Povos do Congo, Cabinda é um enclave do norte de Angola, encrustrado no território da República Democrática de Congo(ex-Zaire) e com froteira ao norte com o Congo Brazzaville. Pelo tratado de Simulambuco em 1885 os reis e príncipes de Cabinda se submeteram à tutela de Portugal.

Assim, Cabinda sempre foi um povo e território apartado de Angola, com o qual só partilha um pouco da língua colonial. Apenas em 1957 Portugal unifica as administrações de Angola e Cabinda, por questões econômicas e administrativas. Por essa época Holden Roberto já havia fundado a sua FNLA e dava os primeiros passos internacionais na formação do governo livre angolano no exílio. Mais tarde ele perderia a corrida para o MPLA e a Unita. Mas sempre teve o apoio dos governos francófonos da região, os dois Congos.

Em 1975 Cabinda troca Portugal por Angola como potência colonizadora. Agora o petróleo já tinha sua importância e o enclave se tornaria então a 18a. província da RPA.

As jazidas de ouro negro sempre estiveram por trás do apoio tácito dos Congos aos cabindas. Mobutu a considerava parte do território do então Zaire. De fato, a identidade cultural dos nativos está mais próxima ao Congo que a Angola. Mas o olho nas riquezas do enclave fala mais alto.

A Flec-Frente de Libertação do Enclave de Cabina é fundado em 1963, com a fusão dos tres movimentos existentes até então. Permanece no campo diplomático até a independência angolana, pois nutria a esperança de que Portugal conduziria o processo de forma que não precisasse entrar numa guerra que sabidamente os cabindas jamais venceriam, visto que a sua exígua população (hoje de 300 mil habs.) não suportaria. E se isso valia contra os portugueses o mesmo se pode dizer em relação à Angola. Entretanto, o fracasso das diplomacias e o silêncio das grandes potências, levou a Flec, com apoio dos Congos e base intelectual em Paris, a incrementar a luta armada.

Trata-se de uma luta tímida mas renitente, travada corpo-a-corpo ou em emboscadas no interior do enclave, nas florestas ou nos pântanos. Mas a população mais uma vez e sempre á a grande vítima. De um lado, sofre com seus filhos na guerra silenciosa, de outro, a miséria imposta pela falta de investimentos e expropriação de suas riquezas pelo regime de José Eduardo dos Sntos, o magnata do petróleo do sul. E enfim é uma guerra que provavelmente não terá vencedor, ficando do campo das guerrilhas de balas e palavras, em Tchiowa, Kinshasa e Paris.

Recentemente, a Flec sofreu a deserção do grupo de Antonio Bento Bembe, que "assinou" a paz com o governo central de Angola e se integrou às Forças Armadas de Angola, caindo no ostracismo breve. Nzita Tiago, o presidente cabindês no exílio em Paris segue sua luta e expurgou o grupo desertor. Todavia segue no exterior, e o povo ressente-se de um líder ao seu lado, nas agruras do dia-a-dia.

Chivukuvuku, deputado da Unita no Parlamento de Luanda, proferiu discurso recentemente no qual toca em duas questões-chave da questão cabindesa. De um lado, reconhece que a identidade do povo cabinda é totalmente diversa do angolano: de outro, ressalta a dubiedade do apoio dos Congos à Flec, dando a entender que estes de fato querem não a independência do enclave, mas um pretexto para se aproveitar da sua identidade comum para encampar as riquezas minerais ali situadas. Não obstante, reforça a idéia da paz possível, de uma autodeterminação que, em outras palavras, poderia ser traduzido por um Estado Livre Associado à La Porto Rico. E foca na questão da fragilidade de um povo diminuto cercado por potências ricas em cobiça.

Enfim, ainda vamos ver desdobramentos da crise cabindesa e infelizmente muitas vítimas até a solução possível do impasse. E temos as grandes irmãs do petróleo que sustentam governos e guerras mundo afora, de maneiras e modos pouco ou nada transparentes.

Será esta a sina do povo cabinda?

ver: ibinda.com
ver: flec
ver: pnn.pt

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Chávez...por que não te calas?

A América mais uma vez deve erguer um viva ao Rei de Espanha. Aqui no Brasil temos em 7 de abril o célebre dia do fico, mas sempre vão lembrar na Venezuela o dia do pito público mais famoso do mundo. E a Venezuela e a região vão se orgulhar disso, pois o tirano de Caracas além de destruir a economia do seu país pode também levar o caos aos demais países. Aqui infelizmente temos caudilhos tacanhos que toleram suas maluquices, mas isso não é brincadeira.

A Venezuela, outrora exemplo de democracia, experimentou seu primeiro golpe com o tirano Chávez, que mais tarde pela via do voto chegou ao poder. Pena que tenha então se valido da democracia para conseguir a sua liberdade decorridos apenas 2 anos de seu golpe sangrento.
Mas, esquecendo que seu telhado é de vidro, julga-se na autoridade de inculpar o Rei em golpe contra si no passado. Mas a Espanha não é a Venezuela, não vai distribuir petróleo ou dinheiro por aí para comprar apoios fracos e vivas a ditadores de pouca estatura.

Agora, entramos rápido numa desnecessária corrida armamentista no Cone Sul. As Forças Armadas do Brasil já estão se mexendo para reequipar o seu arsenal e fazer frente com os venezuelanos numa possível guerra de fronteira. Os gastos com esses arsenais vão custar caro em vidas mesmo que não sejam jamais utilizados, pois poderiam ir para áreas mais carentes e urgentes, cá como lá.

A primeira vítima será fatalmente a Guiana. Primeiro o Ditador perdoa dívida do país, depois toma-lhe a metade do território de um só golpe. A região é quase desabitada, mas rica em minérios e petróleo, e a Venezuela tem essa aspiração desde tempos remotos.

A segunda poderá ser o território controlado pelas FARCs na Colômbia. Chávez já se proclama pacificador e mediador da crise dos rebeldes contra o governo central de Bogotá. Bem que se diga que Uribe deve estar atento e forte, pois tem apoio americano de sobra. Aqui a briga será dura.

A outra frente é o apoio à Bolívia e ao Equador, de governos títeres e amáveis. E demagógicos como o Líder. O Brasil já sentiu o peso dessa trinca na questão das refinarias da Petrobrás. E mais uma vez Lula tergiversou e brincou de fazer política de faz-de-conta.

Fiquemos atentos, pois o nacionalismo é a pátria dos covardes, como bem sabemos. À medida que economia vai mal- como a Argentina de 82 e sua aventura nas Falklands- a sanha do ditador é encontrar novos factóides para se perpetuar no poder e dar circo aos pobres, pois o pão pode faltar, mesmo com petróleo a cem dólares o barril. Não se faz um país sem uma classe média forte e sem classe média não existe mercado interno que se sustente. É esse o caminho do fracasso.

Agora, Lula e Cristina, vamos acompanhar o ditador em sua trilha de sangue rumo ao cadafalso?
É simples: comecem dando-lhe um pouco mais de corda no Mercosul.